A agência de classificação de risco Fitch Ratings confirmou os ratings de inadimplência de Longo Prazo (IDRs) de Moeda Estrangeira (FC) e Local (LC) da Engie Brasil em ‘BB’ e ‘BBB-‘, respectivamente. Concomitantemente o Rating de Escala Nacional de Longo Prazo foi afirmado em ‘AAA(bra)’, com as emissões seniores de debêntures não garantidas. Ambas as perspectivas para as classificações corporativas ficaram estáveis.
Segundo a agência, o resultado reflete a posição de destaque da companhia no mercado como a segunda maior empresa de geração de energia elétrica do Brasil, com uma base de ativos considerável e diversificada e eficiência operacional. O perfil de crédito também se beneficia de um sólido perfil financeiro, com um histórico de geração de fluxo de caixa operacional robusto, alavancagem conservadora e forte flexibilidade financeira, que deve continuar mesmo durante o plano de alto Capex de 2023 a 2025.
Pressões de Capex e alavancagem no pico em 2024
Para a Fitch, os investimentos de R$ 10 bilhões da empresa no período 2023-2024, combinados com forte distribuição de dividendos, pressionarão o fluxo de caixa livre (FCF). No entanto, a análise indica haver espaço para reduzir dividendos, se necessário. O caso base de ratings estima EBITDA e CFFO de R$ 5,9 bilhões e R$ 4,4 bilhões em 2023 e R$ 6,3 bilhões e R$ 4,2 bilhões em 2024, respectivamente, com FCFs negativos em R$ 2,1 bilhões em 2023 e R$ 5,0 bilhões em 2024.
É esperado também que a margem EBITDA aumente nos próximos anos, chegando a 60% em 2024, devido ao pleno funcionamento das linhas de transmissão e à redução das despesas de compra de energia. O cenário base prevê vendas de 5 GW em média em 2023 e 2024, com tarifas médias de R$ 245/MWh e R$ 251/MWh, respectivamente.
Já o índice de alavancagem da companhia chegará a 3,3x em 2024, após 2,5x em 2022 e 2,7x em 2023. Esses índices ainda são consistentes para o atual LC IDR e considera a desconsolidação da dívida da usina termelétrica Pampa Sul (UTE Pampa Sul) de R$ 1,8 bilhão em 2022. O fechamento da venda de ativos, assinado em setembro de 2022, deve ocorrer durante o segundo trimestre desse ano, com um fluxo de caixa em torno de R$ 400 milhões. Assim a relação dívida líquida/EBITDA deve ser reduzida para níveis limitados a 3,0x a partir de 2025, o que dá algum espaço para adicionar novos projetos.
Quanto ao risco hidrológico os volumes de energia não contratada da Engie Brasil de 4% em 2023 e 14% em 2024 serão suficientes para suportar o fator de escala gerador (GSF) esperado de 0,85 e 0,93 em ambos os anos, respectivamente. Esse cenário mitiga a exposição da empresa ao preço da energia no mercado spot (PLD), cujo teto definido pelo regulador para 2023 é de R$ 678/MWh.
“Se necessário a Engie Brasil deve obter contratos de compra de energia a preços compatíveis com os estabelecidos nos contratos de venda ou manter energia não contratada para cobrir a redução em sua própria geração para evitar maiores impactos negativos na geração de caixa. A empresa também tem proteção contra risco hidrológico em contratos de venda no mercado regulado, que representa cerca de 35% da energia vendida, o que limita sua exposição energética assegurada ao GSF a 31% do total”, finaliza a Fitch Ratings em seu documento.